terça-feira, 6 de novembro de 2007

Revolta

Ao politico e letrado
Aqui deixo esta mensagem
Era animal amestrado
No meio da camuflagem

Quando estava em gestação
A meus pais não ajudaram
Cresci e fui então
Que p´ra guerra me enviaram

Ainda de tenra idade
P´ra terras dalém parti,
É certo, fiz amizades,
Mas sem saber combati

Angola era meu destino
Mas á Guine fui parar
Com idade de menino
Ensinaram-me a matar

Despacharam-me p´ra Mansoa
Com a arma á bandoleira,
Um canhão a voz entoa
Era á boa maneira.

Mas deste susto refeito
P´ra Braia fui enviado
Como toupeira sem jeito
Sob o chão fui colocado

Como era Telegrafista
No posto rádio fiquei
A guerra ficou á vista
Sem saber então chorei

Muitos meses se passaram
Quinze mais concretamente
Em Abril nos libertaram
Dessa servidão pungente

No ano da liberdade
Em Setembro dia um
Passei á disponibilidade
Dei a farda, fiquei nu

Na camisa que vesti
Foice e martelo se via
Nem sei bem o que senti
Gritei á Democracia

Algum tempo já passou
Mas ao jovem quero dizer
Sem saber porque lutou
É muito triste morrer.


leandro
Maio/84

2 comentários:

fotógrafa disse...

Ainda há quem diga, que o 25 de Abril nunca devia ter acontecido...é porque não tiveram nunca consciência do que por cá se passava, só pode ser...

jorge fernandes disse...

Ó Fialho,

Saiste-me um poeta do c........lho.
Desculpa a rima.