quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O Fialho


O Fialho, a exemplo de outros, era um moço humilde oriundo do mais profundo, pobre e rural Alentejo, arrancado á família no pico da sua juventude, sem que a esta fosse dada qualquer importância.
Recruta feita em Beja, onde o pai, também ele ai recruta, por altura da independência da Índia.

Especialidade de telegrafista feita no Regimento de Transmissões no Porto, Regimento onde iam parar a maior parte dos protegidos do sistema, filho do Srº fulano de tal , ou tipo Humberto Coelho, atleta de eleição, que passando por lá, não deixou de jogar no Benfica durante esse período.

Ao contrário o Fialho, nem meteu os pés no chão, terminou a especialidade, sendo imediatamente mobilizado, sem antes ser promovido a 1º cabo, sem nunca ter passado por qualquer explicação sobre a sua nova patente…
Como foi imediatamente mobilizado, o 1º classificado do Curso. O que indiciava a falta de gente minimamente preparada.

Fialho de formação tosca, 4 ª classe, escolaridade obrigatória á altura, que como é obvio era curto para perceber quanto injusta era aquela guerra.


Este era o soldado tipo, baixa escolaridade, oriundo das zonas rurais filho de pais iletrados.
Imediatamente a seguir surgiam os Furriéis que tendo um pouco mais de escolaridade, muitos com apenas o 2º ano, hoje, 6º ano, era o suficiente para morrer.

Se escrevo estas linhas, é para que se perceba que estes soldados nada tinham a ver com os que hoje vão para as mais variadas frentes, de sua livre vontade, bem preparados, bem pagos, verdadeiros profissionais da guerra.
Ao invés de nós, muita fominha passamos.

Sem comentários: